terça-feira, 14 de agosto de 2012

boneca de trapos



Não entendo...
Talvez não entenda nada.
Talvez não tenha a capacidade de enxergar a beleza.
Você ficou boneca.
Uma bailarina.
Fala comigo.
E aparece de novo.
O que fazes por aqui?

O que fazes?
Estou cá, brotanto. Tal como tu. E tenho dito!
 É só boneca? Não tem um Nome?
Boneca é meu nome. Ao menos até que eu seja batizada.
Quando você nasceu?

Eu nasci nas mazelas.
Nasci como forma de ser doce-essência. Sem jorrar. Sem gritar.
Em silêncio.
Boneca. Boneca silenciosa.

Talvez Encaracoladinha não consiga entender. Ou talvez assuste-se demais com tamanha beleza. Talvez nem esse talvez seja correto. É simplesmente o que ela vê e o que ela é. Diz-me: - Não te conheço, menina. Muito mais mistério, muito mais segredo que eu pensava. Ao pensar que estou descobrindo os meus mais ocultos ou pensando em descobrir para você, a balança treme, o chão não pousa. Que língua é essa que de repente eu não entendo?! Que olhos são esses que pintam outra cor?! Que boca é essa que escurece?! Quem é?! É boneca? É personagem? Talvez eu não seja daqui, Marinheira.
Sou estrangeira.
Sou fora.
Sou dentro.
Mas não estou aqui.

Estou desconjuntada.
Mas sou só uma boneca!
Uma doce - e talvez um pouco triste - boneca. De pano! De linha. De trapos. Algodão e tintas. Não temas Encaracolada.
Nem de porcelana, nem de plástico.

 Apenas Boneca.