terça-feira, 26 de junho de 2012

Seja Tempo

De tempo em tempo o tempo muda
De vento em tempo o tempo voa
De sol ou lua se faz o tempo
O tempo do tempo de contemplar
A percepção
A dilatação
O tempo.
Floresce: de pétala em pétala e de espinho em espinho
Corre veloz ou devagarzinho
O tempo.
Tempo bom, tempo tom, tempo amigo.
Tempo!
Passa.
Corre.
Voa.
Leva.
Arrasta.
Amarga.
Amarra.
Abraça.

Abraça teu tempo, Anica.
Tempo som, tempo seu, tempo eu.
Floresce e voa.
Transforma, conforta... entorta!

Seja. Veja. Planeja!

Vive. Sobrevive. Vive.

Aceita. Deita. Reveja.

Tecla sua música.
Escreva a sua própria dança no tempo.

Tempo seu: hoje.
Tempo seu: ontem.
Tempo seu: sempre.
Tempo.

Seja tempo.


(Aniversário da Ana Claudia Dal Zot).

sábado, 16 de junho de 2012

sexta-feira, 15 de junho de 2012

o fim é o início.

o fim se dá no início.

fim dos desencontros
fim dos poemas de amor antigo
fim dos corações partidos


terminou no dia em que começou.


ou talvez tenha começado agora que terminou.

noites de insônia por um único pensamento: você
suspiros por estar longe
a falta se fazendo presente nas narinas e na pele.

o início se dá no fim.

o início é o fim.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

frutinha





sou marrom
de tanto comer chocolate
de tanto andar na terra
de viver a parte e à parte
viver de arte

sou terra
pisa-me
impregno-me
percorre-me
refresco-lhe

sou verde
como (sempre) quis
como a luz me pinta
como a água me faz

sou folha
seca
verde
vigorosa
pairando.

Deitou? Deitei.
Dormiu? De olhos abertos.
Sonhando? Consciente.
Esperando? Que você me beije.
Insônia? Refletindo desejos.
Cansaço? Não me impediria de lhe ninar.







terça-feira, 12 de junho de 2012

apenas o fim


Quero dizer – como quem confessa: sou um assassino.
E vou lhe matar esta noite.
Depois vou fazê-la renascer – ainda viva - para morrer outras vezes.
Morrer de rir
Morrer de chorar
Morrer de chorar de rir
Morrer de falta de ar
Morrer de encanto
Morrer de morte morrida
Morrer
Em ti
Em som
Em tom
Em voz
Em prosa
E em poesia: quando eu ousar me escrever no teu corpo: nu e morto;

.morto.

Fim da conversa no bate-papo.
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quarta-feira, 6 de junho de 2012


Vem cá.Pertinho.Junta a testa aqui e olha comigo para o chão...vem.Pertinho.Juntinho.Escapando do friozinho...fica pertinho dos meus lábios.Grudadinha.Sente minha respiração...cá, coração.Deixa eu dizer n'um suspiro ou brincando.Vem, coração.Cola em mim.Sinta o calor da minha respiração.Arrepie com a pontinha gelada do meu nariz.Cá, coração.Ouça que lhe quero.Quero-lhe bem, coração.Ouça dos meus olhos que lhe adoro, brincando, sorrindo.No frio. Ouve, coração.Ouça que seus cachos me encantam mais a cada dia.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Bebes meu sangue de abutre e o cospe como vômito.


Que gosto é esse que eu não sinto e sinto falta no céu da minha boca?
Que lua foi esta que engoli e que me brilha e dói o estômago?
Ora!
Que direito tens de me instigar e me causar náuseas por seu distanciamento?
Quem deverá és para me privar sem usar palavras nem olhares?
Ora!
Divides o casulo comigo e só me dança no rosto com teus cílios?
Ousa fazer doer o estômago de temperanças e não apareces nem para um chá?
Vã criatura, por que fazes como fazes e me fazes como és?
Pois.
Serve-lhe de quê meu corpo impuro impregnado de solitude?
Ora.

sábado, 2 de junho de 2012

chá.de.boldo


Boldo me lembra banheiro
não pelo gosto, mas pelo cheiro
Boldo parece manteiga de cacau quando degustado
deixa a língua escorregadia
quase esguia
Parece geleia

Quentinho na mão
Cheira banheiro
Empasta a língua
Desgosta a goela
Chá de boldo parece mazela